domingo, 8 de outubro de 2017

O dorminhoco

Felisberto se espreguiçou e esfregou os olhos antes de abri-los. O ambiente estava escuro e vazio. Bem, não exatamente vazio. Apenas não havia pessoas lá. Ele não reconheceu o lugar a princípio. Olhou para os lados e viu a pasta de serviço.
Viu algumas mesas com computadores e um tablado alto com um tipo de balcão de atendimento. Tinha uma tevê pendurada no teto... não, apoiada num pedestal. Aí viu o totem com o logo do banco que ele tinha ido hoje à tarde. Procurou uma janela. Já era noite.
Onde ele tinha cochilado (ou hibernado?) fica próximo de uma coluna. Ficou meio escondido. Noite passada, ele tinha varado a madrugada estudando pra prova de... quando mesmo? Olhou no calendário do celular e o horário. Puta merda! Tinha perdido a prova!
Quando Felisberto chegou ao banco, a fila pro caixa tava enorme. Pegou sua senha de atendimento, e quando uma pessoa se levantou, ele se sentou e apagou.
Aí o boy se lembrou que as contas que ele veio pagar tinham vencido ontem. O patrão vai ficar uma fera quando souber da mancada.
“Quem estiver aí apareça!” gritou uma voz autoritária. Caramba, pensou o dorminhoco, devo ter acionado o alarme.
“Tudo bem, não atire. Estou desarmado.”
Dois pms, acompanhados de um homem de terno, apareceram no saguão. Um dos milicos mandou levantar as mãos. Ele obedeceu, é claro. Vieram e começaram a revistá-lo e fazer perguntas.
O homem de terno, meio sonolento, passou do espanto à gargalhada ao ouvir a história de Felisberto.
“Eu vou dar uma olhada nas gravações. Se bater com a sua história, pode ir pra casa.” Disse o gerente. “Você não chegou a pagar as contas, não é?” Ele fez que não com a cabeça. “Vou ver o que posso fazer. Venha durante o horário de atendimento.”

O gerente ainda pediu aos policiais que o levassem para onde o dorminhoco quisesse. Já estava amanhecendo. Felisberto foi tomar o café da manhã na padaria perto do seu trabalho e ligou pra mãe, avisando que estava bem. E ele teria que conversar com o professor sobre a sub.

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