Felisberto se espreguiçou e esfregou os olhos antes de
abri-los. O ambiente estava escuro e vazio. Bem, não exatamente vazio. Apenas
não havia pessoas lá. Ele não reconheceu o lugar a princípio. Olhou para os
lados e viu a pasta de serviço.
Viu algumas mesas com computadores e um tablado alto com um
tipo de balcão de atendimento. Tinha uma tevê pendurada no teto... não, apoiada
num pedestal. Aí viu o totem com o logo do banco que ele tinha ido hoje à
tarde. Procurou uma janela. Já era noite.
Onde ele tinha cochilado (ou hibernado?) fica próximo de
uma coluna. Ficou meio escondido. Noite passada, ele tinha varado a madrugada
estudando pra prova de... quando mesmo? Olhou no calendário do celular e o
horário. Puta merda! Tinha perdido a prova!
Quando Felisberto chegou ao banco, a fila pro caixa tava
enorme. Pegou sua senha de atendimento, e quando uma pessoa se levantou, ele se
sentou e apagou.
Aí o boy se lembrou que as contas que ele veio pagar tinham
vencido ontem. O patrão vai ficar uma fera quando souber da mancada.
“Quem estiver aí apareça!” gritou uma voz autoritária.
Caramba, pensou o dorminhoco, devo ter acionado o alarme.
“Tudo bem, não atire. Estou desarmado.”
Dois pms, acompanhados de um homem de terno, apareceram no
saguão. Um dos milicos mandou levantar as mãos. Ele obedeceu, é claro. Vieram e
começaram a revistá-lo e fazer perguntas.
O homem de terno, meio sonolento, passou do espanto à
gargalhada ao ouvir a história de Felisberto.
“Eu vou dar uma olhada nas gravações. Se bater com a sua
história, pode ir pra casa.” Disse o gerente. “Você não chegou a pagar as
contas, não é?” Ele fez que não com a cabeça. “Vou ver o que posso fazer. Venha
durante o horário de atendimento.”
O gerente ainda pediu aos policiais que o levassem para
onde o dorminhoco quisesse. Já estava amanhecendo. Felisberto foi tomar o café
da manhã na padaria perto do seu trabalho e ligou pra mãe, avisando que estava
bem. E ele teria que conversar com o professor sobre a sub.
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