terça-feira, 27 de setembro de 2011

Greve dos bancários 2011 - dia 1

A greve foi decidida após a oferta pífia de aumento real de 0,35% por parte da Febraban. Na segunda, decidiram pela greve por tempo indeterminado.
Sem novidades até aqui, está no noticiário, só que dá a impressão que estamos pedindo uma exorbitância de aumento (como os políticos deram a si mesmos recentemente em São Paulo).
As coisas mudaram desde que ouvi falar pela primeira vez sobre uma greve dos bancários, quando era criança. A tecnologia avançou e hoje uma parcela dos clientes não se sente tão prejudicada pelo nossa paralisação. Eis alguns motivos:
- Surgimento dos caixas eletrônicos. Cada vez mais a tecnologia tem possibilitado o acesso aos serviços bancários através dessa ferramenta. Podemos utilizar suas ferramentas básicas: saques, consultas e pagamento de contas até outras mais avançadas, como a sustação de cheques, aplicações e resgates de investimentos e pedido de empréstimos.
- Internet. Para ser completa, só falta entregar o dinheiro e imprimir talões de cheques.
- Correspondentes bancários. Primeiro foram as lotéricas; depois o Correio. Hoje em dia, até supermercados e farmácias recebem contas e fazem depósitos e saques (e não só nos caixas eletrônicos instalados no local).
Bom para os clientes, ruim para nós. Mas existe uma grande parcela de clientes e beneficiários da previdência e programas sociais que, por uma razão ou outra, dependem ou preferem o atendimento no guichê e nas mesas. São eles:
- Idosos. Muitos não estão acostumados ao uso da tecnologia, não têm reflexos tão rápidos ou têm problemas de saúde que dificultam a interação com a máquina.
- Deficiência na educação. Com um alto grau de analfabetismo e evasão escolar, esse grupo tem dificuldade em ler o menu do caixa eletrônico rápido o suficiente para usá-lo, ou se envergonham de sua condição de ignorância e recorrem ao atendimento no guichê. Pode haver pessoas que pertençam aos dois grupos.
- Os que têm resistência às inovações tecnológicas. Podem até usar computador em seu trabalho, mas o vêem com desconfiança e não o usam para assuntos pessoais. Acham a tecnologia um "mal necessário" ou algo do qual abririam mão com prazer, se pudessem.
- Os que não sabem todas as opções que a tecnologia bancária oferece. Caso sejam orientados corretamente, deixam de fazer parte das filas dos guichês e, se não fizerem parte do grupo anterior, das filas nas salas de auto-atendimento.
Os dois primeiros grupos são os que mais sofrerão durante a greve, mas o impacto será muito menor do que na minha infância.
A não ser que mais e mais bancários se juntem, incluindo os comissionados. Mas para que eles se juntem ao "chão de fábrica" precisamos incluir no pacote de reinvidicações duas coisas:
- estabilidade de um ano para a iniciativa privada
- garantia de manutenção dos cargos comissionados pelo mesmo período para gerentes e assistentes que aderirem à greve: neste caso, não só da comissão mas da permanência no local de trabalho caso assim o desejem.